sábado, 17 de abril de 2010

O Capital Volume 1(em construção)

Parte I

Mercadoria

O mercadoria tem dois fatores, o valor de uso e o valor de troca. O primeiro refere-se ao valor que ele tem para o indivíduo em função de sua utilidade; o segundo sobre o valor que um produto tem ao ser trocado por outro. O primeiro é qualitativo e o segundo tem valor quantitativo. O valor de troca é apenas um retrato do seu valor. O valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário e se modifica em função da produtividade do trabalho. Este valor não tem significado se não conjugar com o valor de uso. O valor só pode ser procedente quando a mercadoria tem valor de uso para outros e passa a chamar-se valor de uso social. Estes aspectos da mercadoria (valor de uso, valor de troca e valor) são separados, mas essencialmente conectados.

Marx discute a relação entre trabalho e valor. Se há uma variação na quantidade de trabalho necessária para produzir um artigo, o valor deste artigo irá mudar. O linho é hipoteticamente duas vezes mais valorizado porque é necessário mais tempo de trabalho social para criá-lo. O valor de uso de cada mercadoria é produzida pelo trabalho útil. Valor de uso mede a utilidade de um commodity, enquanto o valor é uma medida do valor de troca. Linho e fios possuem algum valor e este valor pode ser comparado porque ambos são produtos do trabalho humano.

A forma de valor ou valor de troca

Uma mercadoria vem em duas formas, uma forma natural e forma de valor. Só é possível saber o valor de uma mercadoria quando soubermos o trabalho humano utilizado em sua confecção. As mercadorias são trocadas umas pelas outras após seu valor ser decidido socialmente. É uma relação de valor baseada no valor de troca, uma comparação entre mercadorias. Algumas mercadorias só podem ser expressas por sua relação com outra porque não tem utilização determinada (ex: linho).

Por que o valor de troca parece ser algumas vezes diferente da agregação do trabalho humano? Marx entende que deve-se as circustâncias da sociedade capitalista, que estuda o valor da mercadoria por economistas políticos na forma de dinheiro. Marx chama isso de tetichismo, uma forma que uma sociedade gera uma idéia e depois, pela distância no tempo, esquece que a idéia é na verdade uma criação humana e social. A sociedade considera esta idéia como natural ou dada por Deus, considerando impossível sua alteração.

Dinheiro

O dinheiro é um meio de expressar valor (tempo de trabalho) e possui duas funções: medir o valor do trabalho humano e estabelecer um padrão de preço como quantidade de metal com peso fixo. Preço é o dinheiro-nome do trabalho objetivado em uma mercadoria, baseia-se na troca. O ouro é a medida de valor ideal porque é fruto do trabalho humano e é por si só uma mercadoria de troca.



Parte II

Fórmula geral do capital.

A troca é uma forma de metabolismo social onde mercadorias sem valor de uso transformam-se em mercadorias com valor de uso. Para o vendedor, a mercadoria tem valor enquanto que para o comprador, tem valor de uso. Neste processo de troca ocorre a alienação da mercadoria pelo envolvimento da mercadoria-dinheiro. Através do consumo, a mercadoria sai do estado natural para o estado monetário.

O preço de uma mercadoria é influenciado pelo movimento dos preços, a quantidade de mercadoria em circulação e a velocidade de circulação do dinheiro.

Existem duas formas de circulação do capital:

a) M - D - M (Circulação direta). Após vendido ( Mercadoria - dinheiro), a mercadoria atinge seu valor de uso e sai do mercado de trocas. É um sistema fechado e o vendedor vende um produto para comprar outro.

b) D - M - D (Geração de capital). É o inversdo do primeiro, o capitalista quer produzir dinheiro a partir do dinheiro através de uma transformação em mercadoria. Ele compra para vender. Culmina no refluxo, no retorno do dinheiro ao capitalista, acrescentando-se um adicional que é denominado mais-valia. Essencialmente troca-se dinheiro por dinheiro; o valor de uso deixa de existir em função do valor de troca. Para o dinheiro manter sua forma como capital, deve permanecer em circulação.

Na Parte II de O Capital, Marx explica os três componentes necessários para criar capital através do processo de circulação.

A maior distinção das duas formas aparece no resultado final. Durante o M-D-M, uma mercadoria vendida é substituída por uma comprada e o dinheiro age apenas como forma de troca. Esta forma facilita a troca de um valor de uso por um outro. Ao contrário, na D-M-D, o dinheiro é trocado por mais dinheiro pois uma pessoa que investe seu dinheiro em uma mercadoria, vende-a por mais dinheiro. O dinheiro retorna ao seu estado original e portanto não é gasto. A única função que exerce é sua habilidade em valorizar. O dinheiro é re-investido na circulação gerando a acumulação de riqueza monetária em um processo sem fim, gerando um mais-valia adicional.

Na sua forma pura, a troca de mercadorias é uma troca de equivalentes e não um método de incrementar valor e a contradição se revela através da criação da mais-valia, que, segundo Marx, não deveria existir se trocada de maneira justa. Para ele, a mais=valia não pode ser gerada a partir da circulação e portanto, alguma coisa deve ter acontecido nos bastidores sem ser visível. Marx descreve como o homem pode, através do trabalho, incrementar o valor de uma mercadoria, determinando o valor de troca da mercadoria. Sem interação com os donos de mercadorias(trabalhadores), os produtores de mercadoria(capitalistas) não conseguem aumentar o valor.

O capital não pode ser criado pela circulação porque transações iguais de mercadorias não cria mais-valia e transações desiguais podem alterar a distribuição de riqueza, mas o mais-valia continua inalterado, portanto o capital não pode ser criado pela circulação, devido ao seu valor fixo, mas também não pode ser criado sem a circulação, pois apenas o trabalho pode criar valor na fórmula geral.

Para solucionar o dilema, Marx investiga o poder de trabalho como uma mercadoria. O poder de trabalho depende de dois fatores: os trabalhadores devem oferecê-lo temporariamente no mercado, como donos de sua própria capacidade de trabalho e os trabalhadores não podem ter meios da própria subsistência. Se este poder de trabalho deixa de ser vendido temporariamente, os trabalhadores se tornam escravos e a dependência dos meios de subsistência garante uma larga força de trabalho, necessária para criar o capital.

O valor de troca, junto com o valor de uso de um trabalho sendo vendido, transforma o poder de trabalho em uma mercadoria. Este valor, entretanto, permanece sem uso, como outra mercadoria, a não ser que seja vendido, portanto, os trabalhadores buscam colocações temporárias para conseguir seus meios de subsistência, pois não o conseguem por si próprios. Uma relação peculiar se forma: os capitalistas necessitam dos trabalhadores para compor seus meios de produção em uma mercadoria vendável, e os trabalhadores precisam do capitalista para gerar o emprego para receber os meios de subsistência. O interesse privado de cada classe mantém o relacionamento e perpetua a sociedade capitalista.


Parte 3: A produção da mais-valia absoluta

A produção do mais-valia absoluta origina-se diretamente do processo de trabalho. Existem dois lados deste processo. De um lado existe o comprador da força de trabalho, o capitalista; do outro, o vendedor, o trabalhador. Para o capitalista o trabalhador possui apenas o valor de uso e compra dele sua habilidade em trabalhar e em retorno, o trabalhador recebe um salário para sua subsistência. O trabalhador transfere seu trabalho para a mercadoria na forma de valor.

O capitalista possui tudo no processo de produção: as matérias primas, os meios de produção e a força de trabalho (trabalhadores). No fim do processo, os trabalhadores não são donos do que produziram por seus esforços. O capitalista possui seu trabalho e é livre para vender a mercadoria para seu próprio lucro. Ele deseja vender uma mercadoria cujo valor é maior do que a soma dos valores utilizados para a produzirem. Seu objetivo é produzir não apenas o valor de uso, mas uma mercadoria; não apenas valor de uso, mas valor; não apenas valor, mas também mais-valia.

O objetivo do capitalista é produzir mais-valia, o que não é possível através de compra de matérias primas mais baratas pois isto afetaria o preço de venda pela concorrência. A única forma de originar a mais-valia é através da força de trabalho. O trabalhador vende mais do que precisaria para sua subsistência e esta diferença, entre o que recebe e o que forneceu, origina a mais-valia. A forma mais usual é fazer o trabalhador trabalhar mais horas do que precisaria, muitas vezes chegando a 16 horas por dia e levando-o à exaustão.

Desta forma, ao final do processo, ele acumula capital. Existem duas partes de um dia de trabalho, a primeira é aquela que o trabalhador precisa para gerar seus meios de subsistência; a segunda parte é o tempo de trabalho adicional, que o capitalista consegue extendendo a jornada de trabalho. O valor de trabalho adicional não produz valor para o trabalhador, mas produz valor para o capitalista. A taxa de mais valia é a taxa de exploração.

Este processo gera um conflito entre o capitalista e o trabalhador. O capitalista argumenta que tem o direito de extrair tudo o valor de um dia de trabalho, pois pagou por isso. O trabalhador exige o valor integral de sua própria mercadoria. O capitalista vê trabalhar menos como um roubo de capital e o trabalhador vê trabalhar muitas horas como um roube de seu trabalho. Esta luta de classes pode ser vista pela história.

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