quinta-feira, 13 de maio de 2010

America's victory in Vietnam

Phillip Jennings, 2010

Os americanos venceram a Guerra do Vietnã. Esta é a tese do livro de Phillip Jennings, entrando na onda do revisionismo histórico. Sua pretenção é polemizar com os construtores dos mitos sobre o conflito, incluindo jornalistas, políticos e acadêmicos, que não só criaram, mas lucraram com o mito.

Trata-se de uma obra bem-pesquisada, revisando os mitos centrais da Guerra do Vietnã no contexto histórico. Não é um história compreensiva da guerra, e nem pretende ser, mas uma crítica à forma negativa e enganosa como foi mostrada até hoje.

Os dois principais mitos atacados por Mr Jennings é que a Guerra do Vietnã era imoral e invencível. Estas são as principais falácias da visão liberal do Vietnã e os argumentos são reciclados a cada guerra americana desde então. Nenhuma das idéias é verdadeira.

O argumento da imoralidade repousa na idéia de que o governo sul vietnamita era corrupto e sem solução, que seu povo não queria os americanos lá, que o conflito era uma guerra civil e que os Estados Unidos estavam desempenhando o papel de uma potência colonial. Retomando a origem e a condução para a guerra, Jennings mostra que nenhum destes argumentos tem substância e comparado ao totalitarismo brutal construído no Vietnã do Norte por Ho Chi Minh, querido pela esquerda, as liberdades da maioria dos sul vietnamitas era positivamente Jeffersoniana.

Os críticos começaram a dizer que a guerra era invencível praticamente desde o início e quando Saigon caiu em 1975, eles clamaram que estiveram certos o tempo todo. Jennings demonstra que em cada evento crítico do conflito, da introdução das forças americanas em 1965, para a ofensiva Tet em 1968, para a ofensiva norte vietnamita de 1972, o inimigo sempre sofreu pesadas perdas e levou anos para se recuperar. A guerra não era apenas possível de vitória, ela foi ganha, até os democratas no Congresso retiraram os fundos para a campanha em 1974 e deixaram os aliados entregues ao seu próprio destino. Os que clamam pela imoralidade, cometeram o ato mais imoral da guerra.

Jennings também contesta o mito de que os veteranos do Vietnã se tornaram viciados em drogas pelo desespero da guerra. O autor serviu como piloto de helicóptero no Vietnã e depois como "Air America", na operação da CIA no Laos. Este último esforço foi descrito pela esquerda como uma guerra secreta no Laos apesar de ser conhecida no Congresso e de que não teria sido necessária se não fosse as flagrantes violações norte-vietnamitas na neutralidade do Laos.

O livro fornece uma série de fatos documentados para enfrentar os construtores de mitos que continuam a ignorar as causas e curso da Guerra do Vietnã. O livro conclui que o envolvimento dos Estados Unidos foi justo e heróico.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Assim Falou Zaratustra

F. Nietzsche, 1885

O livro centra-se na figura de Zaratustra, um sacerdote persa nos primeiros tempos da instalação do zoroastrismo. Utiliza uma linguagem poética, fazendo uma sátira do Novo Testamento, marcando um dos propósitos de Nietzsche, uma crítica à moral judaico-cristã.

O tema central da obra é o super-homem. O Homem é uma espécie de transição entre o macaco e o super-homem, o homem auto-suficiente que consegue o poder. Não é um fim resultante da pessoa, mas uma jornada para o auto-domínio.

O super-homem é aquele que:

1) Aceita a morte de Deus
2) Conduz a própria existência como espírito dionísico
3) Supera a angústia do passar do tempo vivendo uma vida sob a insígnia do eterno retorno
4) Coloca-se, em relação ao mundo, numa postura de desejo de potência, ou seja, não se deixa determinar por qualquer objetividade, mas atribui aos objetos o significado que mais lhe agradar

O que anima o homem é o desejo de poder, um componente de sua própria natureza. Tudo que fazemos é expressão desse desejo , e contrasta com o viver para a procriação, prazer ou felicidade. O desejo de poder é a luta do homem contra seu ambiente e sua razão para viver nele.

A morte de Deus, núcleo da reflexão de Nietzsche, indica o progressivo desaparecimento da cultura do homem moderno de todas as filosofias, religiões ou ideologias que no passado exerciam a tarefa de iludi-lo ou consolá-lo. O super-homem não necessita de ilusões tranquilizantes porque com o espírito dionísico aceita a vida com o seu caos intrínseco e ausência de sentido.

Matar Deus significa libertar-se das cadeias do mundo sobrenatural, ser capaz de viver sem falsas esperanças (imortalidade da alma, paraíso), aceitando com alegria a vida na sua totalidade, incluindo a morte. Isso significa ficar preso à terra: o homem novo é aquele que, longe de querer entender o significado do mundo, consegue impor os seus significados. Ele é a medida de todas as coisas, porque dele, de sua vontade de potência, cada coisa adquire seu sentido.

O super-homem está além da racionalidade, despreza todo valor ético, vive no mundo dionísico, reconhece o engano inerente a todas as filosofias, percebe o passar do tempo como o eterno retorno.
Outro conceito explorado é o do eterno retorno. Nietzsche defendia a idéia de que todos os eventos que aconteceram serão repetidos infinitas vezes. Diante do conhecimento de que o homem repetirá cada ação da mesma forma como foi executada anteriormente, o super-homem será impulsionado a não ter arrependimento e amar a vida, libertando-se das amarras da moral judaico-cristã.

A crítica ao cristianismo tem como eixo condutor os valores de bem e mal e a crença na vida após a morte. A complacência é um obstáculo ao super-homem.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Thus_Spoke_Zarathustra
Nicola, Alberto. Antologia Ilustrada de Filosofia

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Now playing: The Runaways - Blackmail
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Occidentalism

The West in the eyes of its Enemies
Ian Buruma e Avishai Margalit, 2002

Neste estudo de dois séculos das idéias anti-ocidentais, Buruma e Margalit afirmam que a hostilidade dos jihadistas islâmicos contra os Estados Unidos nada mais é do que a mais recente manifestação de uma longa reação global à modernidade ocidental. Eles denominam o conjunto de imagens preconceituosas e distorcidas do ocidente por seus inimigos de "ocidentalismo", uma fenômeno originário do próprio ocidente, no fim do século XVIII e que posteriormente se espalhou para o Oriente Médio, Ásia e em torno. O romantismo alemão, reagindo ao iluminismo e ao surgimento do capitalismo, expressaram sua reação a uma Europa fria e racional que se manifestava pelo imperialismo, urbanismo e cosmopolitismo.

Temas similares apareceram no ocidentalismo sob outras variantes: a vida urbana pecadora e sem raízes, a corrupção do espírito humano no materialismo, a sociedade dirigida pelo mercado, a perda da comunidade orgânica, a glória do auto-sacrifício heróico em superar a timidez da vida burguesa. O liberalismo ocidental é uma ameaça __ ao fundamentalismo religioso, reis-sacerdotes e coletivismo radical __ porque ela despreza a pretensão de uma utopia heróica.

Ultimamente, a figura que surge não é do conflito de civilizações, mas a tensão profunda que atravessa civilizações, religiões e cultura. O que o ocidente pode fazer sobre o ocidentalismo não é claro e os autores não se arriscam a fornecer uma resposta, mas o estudo mostra que independente do que aconteça no fim, terá sido um drama histórico e violento.

Orientalism

Edward Said, 1978

Orientalism foi um livro influente sobre os estudos pós-coloniais. O termo refere-se a um conjunto de falsas acepções que orientam as atitudes dos ocidentais em relação ao Oriente Média. Há uma sutil e persistente preconceito euro-centrico em relação os árabes-islâmicos e sua cultura. Ele argumenta que uma longa tradição de imagens romanceadas e falsas da Ásia e Oriente Médio na cultura ocidental serviu como uma justificativa implícita para as ambições coloniais e imperialistas dos europeus e americanos. Ele critica também as elites árabes que internalizaram as idéias orientalistas na cultura Árabe.

Os Estados Unidos vêem os muçulmanos e árabes apenas como fornecedores de petróleo e terroristas potenciais. Pouco se entendeu da densidade humana, da paixão da vida árabe-muçulmana, inclusive por aqueles que deveriam descrever a cultura. O resultado é uma caricaturarização do mundo islãmico.

Orientalismo é uma doutrina política voltada para o Oriente porque o Oriente é mais fraco do que o Ocidente, relacionando esta diferença com sua fraqueza. Como aparato cultural é agressão, ativismo, julgamento, mentira e conhecimento. A principal tese é que não se trada de uma má compreensão, mas um representação deliberada, de acordo com uma tendência, em uma específica conjetura histórica, intelectual e econômica.

O trabalho é fortemente influenciado por Chomsky, Foucalt e Gramsci e Said argumenta que o trabalho reflete a realidade contemporânea e suas implicações políticas. É classificado como um trabalho pós-modernista e pós-colonial que assume uma atitude cética sobre a representação.

Novas Geopolíticas

José William Vesentini, 2000

A problemática da geopolítica não pode ser vista como uma única disciplina acadêmica, mas como um campo de estudos.

Visentini comenta as novas geopolíticas que surgiram a partir dos anos 80 e como se dará a disputa pela hegemonia mundial no novo século. Novos atores entram em consideração: ONGs, empresas multi ou transnacionais, blocos regionais, etc. Novos campos de luta são agora vistos como importantes para a compreensão das relações de poder no espaço mundial: meio-ambiente, direito das mulheres, minorias étnico-nacionais, grupos com diferentes orientações sexuais, etc.

O século XXI, marcado pela Terceira Revolução Industrial, a globalização e uma multipolaridade complexa, é aqui explorado a partir de confronto de idéias entre as teorias de Huntigton, Thurow, Kennedy, Brzezinski e outros.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

The Clash of Civilizations

The Clash of Civilizations, 1996
Samuel P Huntington

Clash of Civilizations é uma teoria proposta por Huntington, que a cultura e a identidade religiosa serão a fonte primária de conflito na era pós-guerra fria.

Esta teoria foi formulada inicialmente em uma aula em 1992 no American Enterprise Institute, posteriormente desenvolvida em artigo para a Foreign Affairs em resposta ao livro de Francis Fukuyama "The End of History and the Last Man".

Huntington começa sua investigação pesquisando as diversas teorias sobre a natureza da política global pós-Guerra Fria. Alguns teóricos argumentam que direitos humanos, democracia liberal e economia de livre-mercado se tornaram a única alternativa ideológica para as nações, especialmente Fukuyama que argumentava que o mundo alcançara o "fim da História" no sentido hegeliano.

Huntington acreditava que enquanto a época da ideologia havia terminado, o mundo revertera para um estado de relação baseado em conflitos culturais. Em sua tese, ele argumenta que o primeiro eixo de conflito no futuro será sobre eixos culturais e religiosos. Ele propõe que o conceito de diferentes civilizações, como o mais alto nível de identidade cultural, será extremamente útil para analisar os potenciais conflitos.

Ele lista as seguintes possíveis civilizações:
- Western : EUA, Canadá, Europa e Oceania
- Ortodox: Rússia, leste europeu, Grécia
- Islamic: norte da África, Sul da Ásia
- África: metade sul do continente africano
- América Latina: incluindo México
- Sinic: China, Vietnã, Coréia
- Hindu: Índia
- Budista: Tibet, Mongólia, sudeste asiático
- Japonesa

Posteriormente o autor considerou a Etiópia e o Haiti como "países perdidos" e Israel como uma civilização própria, bem semelhante à ocidental.