terça-feira, 11 de maio de 2010

Assim Falou Zaratustra

F. Nietzsche, 1885

O livro centra-se na figura de Zaratustra, um sacerdote persa nos primeiros tempos da instalação do zoroastrismo. Utiliza uma linguagem poética, fazendo uma sátira do Novo Testamento, marcando um dos propósitos de Nietzsche, uma crítica à moral judaico-cristã.

O tema central da obra é o super-homem. O Homem é uma espécie de transição entre o macaco e o super-homem, o homem auto-suficiente que consegue o poder. Não é um fim resultante da pessoa, mas uma jornada para o auto-domínio.

O super-homem é aquele que:

1) Aceita a morte de Deus
2) Conduz a própria existência como espírito dionísico
3) Supera a angústia do passar do tempo vivendo uma vida sob a insígnia do eterno retorno
4) Coloca-se, em relação ao mundo, numa postura de desejo de potência, ou seja, não se deixa determinar por qualquer objetividade, mas atribui aos objetos o significado que mais lhe agradar

O que anima o homem é o desejo de poder, um componente de sua própria natureza. Tudo que fazemos é expressão desse desejo , e contrasta com o viver para a procriação, prazer ou felicidade. O desejo de poder é a luta do homem contra seu ambiente e sua razão para viver nele.

A morte de Deus, núcleo da reflexão de Nietzsche, indica o progressivo desaparecimento da cultura do homem moderno de todas as filosofias, religiões ou ideologias que no passado exerciam a tarefa de iludi-lo ou consolá-lo. O super-homem não necessita de ilusões tranquilizantes porque com o espírito dionísico aceita a vida com o seu caos intrínseco e ausência de sentido.

Matar Deus significa libertar-se das cadeias do mundo sobrenatural, ser capaz de viver sem falsas esperanças (imortalidade da alma, paraíso), aceitando com alegria a vida na sua totalidade, incluindo a morte. Isso significa ficar preso à terra: o homem novo é aquele que, longe de querer entender o significado do mundo, consegue impor os seus significados. Ele é a medida de todas as coisas, porque dele, de sua vontade de potência, cada coisa adquire seu sentido.

O super-homem está além da racionalidade, despreza todo valor ético, vive no mundo dionísico, reconhece o engano inerente a todas as filosofias, percebe o passar do tempo como o eterno retorno.
Outro conceito explorado é o do eterno retorno. Nietzsche defendia a idéia de que todos os eventos que aconteceram serão repetidos infinitas vezes. Diante do conhecimento de que o homem repetirá cada ação da mesma forma como foi executada anteriormente, o super-homem será impulsionado a não ter arrependimento e amar a vida, libertando-se das amarras da moral judaico-cristã.

A crítica ao cristianismo tem como eixo condutor os valores de bem e mal e a crença na vida após a morte. A complacência é um obstáculo ao super-homem.

Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Thus_Spoke_Zarathustra
Nicola, Alberto. Antologia Ilustrada de Filosofia

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