terça-feira, 15 de junho de 2010

A Aristocracia e seus Críticos

Miguel Morgado, 2008

O livro está dividido em três partes: na primeira Morgado disseca o conceito de Aristocracia, na segunda toma os três principais autores modernos que negam o regime aristocrático, como Maquiavel, Locke e Hobbes; e, finalmente, a terceria parte, conclusiva, na qual analisa os Federalistas norte-americanos e sua preocupação com o governo republicano, a criação de um regime misto que tenha as virtudes aristocráticas conjuntamente com a representatividade permitida pela ordem democrática. Caminhamos para o que denomina "unidades de soberanias", a gênese do governo mundial que está no horizonte.

Os filósofos clássicos desde a origem enxergaram as três formas puras de regimes políticos: monarquia, aristocracia e democracia e suas variações degeneradas: a tirania, a oligarquia e a oclocracia. Sua narrativa começa com o debate entre Jefferson e John Adams, que afirmava que a aristocracia era a nobreza em geral e que nenhum teórico ou homem de Estado pode dispensar a elaboração teórica do governo dos melhores.

A Revolução Francesa é um momento histórico fundamental a partir do qual o homem europeu se autorizou a viver na história. O sucesso dos regimes democráticos nos coloca perante a escolha entre a democracia e as tiranias mais ou menos repressivas, definidas cada vez mais como uma negação da democracia liberal ocidental. O direito natural clássico corrobora o ideal do regime político pensável da aristocracia, tida como o melhor de todos, pois neste regime o poder estaria com os mais virtuosos e a coletividade a ele subordinada voluntariamente, por ver nos governantes pessoas egrégias.

O regime republicano é essa forma mista que garante, a um só tempo, a legitimidade da democracia e a escolha dos melhores para o governo, ficando o ato de governar longe das massas, entre os períodos eleitorais. A verdadeira democracia não pode ser a democracia direta, o que leva à prática de cativar a multidão com benesses infindáveis em troca de votos. O ato de governar, assim, deixou de ficar longe do nível ínfimo das massas, para tentar permanentemente atender a todos os seus apetites.

É uma corrupção da democracia acreditar que não há desigualdade essencial entre os cidadãos. A realização dos valores democráticos pressupõe a utilidade de hierarquia. O regime atual não pode se manter como misto porque o direito natural clássico foi abandonado, originando a ameaça totalitária sempre a rondar. A realidade da supertributação, o excesso de regulação, até mesmo a unidade de soberanias, tudo ameaça a igualdade almejada, aquela diante da lei. O ato de governar está cada vez mais condicionado pela multidões. Vivemos mesmo uma forma de oligarquia burocrática, que se espalha pelo mundo.

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Now playing: Susan Tedeschi - Love Me Don't Hate Me (Bonus Track)
via FoxyTunes

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